Feliz dia mundial do Teatro!
Dia 27 de março é comemorado o dia mundial do Teatro. Então decidi contar a minha história no Teatro, que começa quando eu tinha 6 anos.
Segundo a minha mãe, eu sempre atuei. Ela ama contar a história de quando eu tinha uns 3 anos e simplesmente encenei uma cena do filme "Barbie e a magia de Aladus" enquanto ela tava discutindo comigo. No filme, os pais da Anika estão discutindo com ela por ter saído sem supervisão para patinar, e como isso era perigoso. Ela então, subindo as escadas, se vira pra eles e fala algo do tipo "ah, vocês não entendem, vocês nunca vão entender!". E foi exatamente isso que eu fiz e falei, no auge dos meus 3 aninhos de vida.
Pois é, eu sempre fui viciada em filmes. Assistia ao mesmo filme mil vezes, decorava todas as cenas e dependendo até encenava. "O segredo do vale da lua" era a minha pérola, literalmente. Eu era apaixonada por esse filme, decorei todo o discurso final, peguei um colar de pérolas da minha vó e encenei no clube, pulando na piscina quando a Bela Bontempo pula no mar. Isso aconteceu quando eu tinha uns 8 anos.
Mas foi com 6 anos, quando eu entrei no 1º ano do fundamental, que pude entrar no grupo de teatro da escola. Lembro direitinho do quão adulta e autossuficiente eu me sentia lá. Minha primeira peça foi "As férias das princesas", na qual eu usava um biquíni azul e branco listrado porque eu era a Cinderela. Eu tinha só três falas durante a peça inteira, mas sabia as falas de todo mundo também (estilo Emma Watson dublando as falas de todo o elenco de Harry Potter no primeiro filme).
Lembro o quanto amei a sensação de estar no palco. O quanto eu me senti bem, acolhida. Mas aí eu mudei de escola e só consegui voltar ao teatro anos mais tarde, com 11 anos. A essa altura eu já tinha mudado muito. O ambiente que eu vivia havia me feito tímida e retraída, eu tinha medo de voltar ao teatro. Foi uma professora minha que disse que justamente por essa minha timidez que eu deveria entrar no grupo, que ia me ajudar muito nesse aspecto.
Desde então, participei de muitas peças. Quando eu já estava no ensino médio, o teatro era a melhor parte da minha semana. O único lugar onde eu podia ser eu mesma, onde eu me sentia pertencente. Até que eu tive a brilhante ideia de fazer meu namorado da época entrar no grupo também. Resumo: ele estragou meu cantinho de paz. E quando a gente terminou eu pedi pra ele sair, já que pra ele aquilo nunca teve tanta importância, e ele - pasmem - se negou. Cara, eu chorei tanto com aquilo. Só que era nítido pra todo mundo quem realmente se empenhava e quem não, e se a pandemia não tivesse acontecido meu professor teria falado com a diretora pra tirar ele do grupo e eu ficar. Esse é o nível :)
Mas a pandemia aconteceu, o que foi uma pena porque a gente iria montar uma peça da Alice nos anos 80, que seria um musical. Eu tava tão ansiosa pra isso :(
Sempre tive em mente que queria ter um futuro na área artística. No entanto, a sociedade impôs que a faculdade é extremamente importante na formação dos jovens e eu precisava me decidir por uma. No fim, eu nem queria fazer faculdade. Pensei em fazer Moda, o que de fato aconteceu anos mais tarde, mas eu queria mesmo atuar. Então minha terapeuta pediu pra eu pesquisar tudo que realmente me atraía e o que eu precisava fazer para alcançar meus objetivos.
Eu achava que não valia a pena fazer faculdade de artes cênicas ou teatro numa universidade convencional porque ali seria muito mais teórico do que prático. Eu queria mesmo era fazer um curso que pudesse me inserir no mercado de trabalho, me dar experiência. Queria estudar no Wolf Maya. Só que eu morava em Candelária, uma cidade pequena do Rio Grande do Sul, não tinha muitas opções por lá.
Minha salvação foi que em 2021 a pandemia ainda tava rolando e muitos cursos presenciais tinham a opção online. Foi aí que eu de fato iniciei meus estudos nessa área: fiz um curso intensivo de férias do Wolf Maya, que incluía a parte do teatro e do audiovisual. Eu tava tão insegura, morrendo de medo de odiar o audiovisual (o teatro eu já sabia que amava). E conforme eu aprendia algumas coisas, prestava atenção nas séries a que eu assistia. Juro, eu chorava e dizia "agora eu nunca mais vou conseguir assistir a nada sem ter esse olhar crítico, tudo ficou ruim" (PS: eu tava revendo The Vampire Diaries na época).
Resumidamente, eu aprendi a ficar confortável na frente de uma câmera e aprendi a me divertir com ela. Amei o audiovisual da mesma forma como amava o teatro. Busquei por mais e mais cursos. Me agenciei. Mas no Rio Grande do Sul tem mais oportunidades na publicidade, não tem tanto na dramaturgia - a menos que você pague para participar de algo na capital, o que pra mim já não era viável.
No começo de 2023 comecei o curso da Thaís Mansano, no qual ela ensina todo o passo a passo para alcançar verdade em qualquer cena, interpretando qualquer personagem. Eu tenho um certo problema de disciplina e constância, então demorei até me dedicar a esse curso. Isso porque, eu descobri depois, sentia que não adiantava me dedicar a ele. O que eu queria estava em São Paulo e no Rio de Janeiro, não no Rio Grande do Sul. Na verdade, eu pensava em estudar no exterior, até tentei uma bolsa na AMDA de Los Angeles, mas mesmo assim era caríssimo.
Como eu já disse aqui no blog, tudo acontece quando tem que acontecer. E aconteceu que a oportunidade de me mudar pra São Paulo apareceu. Esse foi meu ponto de virada. Aí sim me dediquei ao curso. Pesquisei onde poderia estudar aqui. E hoje estudo teatro musical na Teen Broadway. Juntei minhas paixões pelo teatro, música e dança e agora estou me dedicando a isso.
Ontem mesmo tive retorno de uma agência daqui, então que venham os jobs! Ontem também escrevi a resenha que foi pedida na aula de interpretação e refleti muito sobre tudo que li para escrevê-la. Vou postar ela aqui porque tem pontos muito importantes sobre a área da atuação (ela é um pouco longa, mas vale muito a pena ler!).
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Bom, mas o que o teatro é pra mim? Ele já foi uma fuga, um refúgio. Foi uma maneira de viver outras vidas que não a minha. Hoje ele continua sendo um lugar de acolhimento, segurança e incentivo. É um lugar para se autoconhecer, aprender a estar presente, a observar o outro, a si mesmo e o mundo ao seu redor. O teatro ensina que existe um mundo inteiro dentro de outra pessoa. Que existe um mundo inteiro dentro de você. O teatro me ensinou a escutar assim como me escutou. Me ensinou a falar, me ensinou a me expressar. O teatro me libertou.
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